Outubro é o mês de prevenção do câncer de mama e vários monumentos no país se colorem de rosa para fazer um alerta.
A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) e a Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional Minas Gerais (SBM MG) abraçam essa causa.
Estatísticas apontam que diagnóstico precoce, portanto, pode evitar milhares de mortes.
Em 2019, a campanha do Instituto Nacional do Câncer (INCA) tem como tema ‘Câncer de mama: juntos, sem medo’.
O objetivo é fortalecer ainda as recomendações do Ministério da Saúde para o rastreamento e o diagnóstico precoce do câncer de mama.
O objetivo também é desconstruir o medo da doença.
Seja na busca do diagnóstico precoce, durante ou após o tratamento, busca-se a união para que os pacientes possam enfrentar as dificuldades da doença.
PRINCIPAIS NÚMEROS CÂNCER DE MAMA:
Dados do INCA mostram que a expectativa para o biênio 2018-2019 é de 59.700 novos casos, (29,5%) de câncer de mama detectados;
Risco estimado de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres;
Esse é o primeiro tipo de câncer mais frequente nas mulheres;
Regiões:
Sul (73,07/100 mil);
Sudeste (69,50/100 mil);
Centro-Oeste (51,96/100 mil);
Nordeste (40,36/100 mil);
Região Norte é o segundo tumor mais incidente (19,21/100 mil).
Números mamografia
Cerca de 2,6 milhões de mamografias são realizadas por ano em mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos pelo SUS;
Uma cobertura de 24,4%, índice muito aquém do que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 7,4 milhões.
Mamógrafos
São cerca de 4,2 mil mamógrafos em uso no SUS em todo o Brasil, segundo o Ministério da Saúde;
O número de mamógrafos é suficiente no país, no entanto eles são mal distribuídos;
A maioria está nas grandes cidades e capitais, deixando boa parte da população do interior e de pequenas cidades descoberta, com impossibilidade de fazer o exame de maneira rápida.
Segundo estudos
Poucos diagnósticos são identificados no atendimento pelo SUS na fase inicial;
Sendo mais frequente as detecções de tumores avançados, pelo menos de 60% a 70% dos casos, o que não colabora com a redução da mortalidade;
A partir dos 70 anos é quando mais morrem mulheres por câncer de mama;
6,6 por 100 mil pessoas é a taxa de mortalidade no Sul e Sudeste;
14 por 100 mil pessoas é a taxa de mortalidade no Norte e Nordeste.
Segundo pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia, quanto menos informação as mulheres recebem sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama mais chances elas têm de morrer em consequência da doença.
As taxas de mortalidade aumentaram nos estados onde há alto índice de exclusão humana e social e baixo índice de desenvolvimento humano, como é o caso de Rondônia, Tocantins, Santa Catarina, Maranhão, Piauí, Alagoas, Sergipe, Ceará.
Já nos estados onde o índice de desenvolvimento humano é alto e a exclusão social é baixa, as taxas diminuíram, como nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Reconstrução mamária
Até cinco anos atrás, toda mulher que precisava retirar a mama por conta do câncer de mama precisava aprender a viver sem uma ou as duas mamas.
Poucas eram as pacientes que conseguiam colocar um implante no ato da cirurgia.
Já o médico, era visto como o profissional que retirava o tumor, mas não reconstruía a mama imediatamente. A partir de 2012 esse cenário começou a mudar.
O governo federal sancionou a Lei Nº 12.802/2013, que garante às mulheres mastectomizadas o direito de ter suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico.
A mutilação significa uma agressão física que dói na alma, afetando não só a estética e a sexualidade, mas, essencialmente, a autoestima. Por isso, a SBM entende que a reconstrução faz parte do tratamento.
Embora a reconstrução mamária tenha aumentado no período de 2008 a 2015, de 15% para 29,2%, cerca de 7,6 mil mulheres tratadas pelo SUS em 2015 não puderam ser beneficiadas pela Lei nº 12.802, que estabelece a reconstrução.
Apenas 20% das mulheres ficam impossibilitadas de realizar a cirurgia da reconstrução por conta de alterações clínicas como, doenças do coração, descontrole da pressão arterial, diabetes não controlada, doenças do fígado e, eventualmente, doenças relacionadas ao tabagismo e obesidade.
Recomendação SBM sobre mamografia a partir dos 40 anos
Entre 40 e 49 anos é baseada em estudos que mostraram que 25% das mulheres brasileiras que terão câncer de mama estarão nessa faixa etária, ou seja, há um benefício real, já que um número expressivo poderá ser salvo.
Além disso, o estudo canadense publicado pela revista científica JNCI da Oxford University Press confirma uma redução média da mortalidade de 40% nas mulheres que fizeram a mamografia a partir dos 40 anos.
Desta forma, a SBM entende que o benefício é muito maior do que o risco, uma vez que seria possível, com base nestes estudos, evitar a morte de mais de 1.000 brasileiras por ano, das mais de 13.000 mulheres entre 40 e 49 anos, que sofreram câncer de mama.
Deve ser dito também que a mamografia é um direito da mulher brasileira, conforme a Lei Nº 11.664, de 29 de abril de 2008, sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Autoexame
O autoexame das mamas não é um procedimento preventivo.
- É apenas um autoconhecimento do corpo e que poderá evidenciar alguma alteração palpável, sendo período ideal ser realizado:
- 7 dias após a menstruação (para as que menstruam) ou escolher sempre o mesmo dia do mês (para as que não menstruam).
- Quando o nódulo é descoberto pelo toque, geralmente já está avançado (acima de 2 a 3 cm);
- Quanto mais avançado menores são as chances de cura.
- É importante lembrar que os exames de imagem mamária (mamografia e ultrassonografia) são indicados para identificar os nódulos não palpáveis, diagnosticados precocemente sem que a paciente apresente sintomas.
MENSAGENS DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MASTOLOGIA:
- A SBM alerta para a falta de cumprimento dos direitos das mulheres brasileiras em relação ao acesso à prevenção e tratamento do câncer de mama. Há leis que garantem a realização da mamografia, o início do tratamento até 60 dias após o diagnóstico, o direito de ter suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico, entre outras, porém todas longe de serem cumpridas como deveriam. Essa falta de acesso e a demora para conseguir os atendimentos garantidos por lei preocupam os mastologistas de todo o Brasil.
- A realidade que as pacientes, especialmente as atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), encontra hoje precisa ser mudada. Há exames sem qualidade, dificuldade para conseguir a biópsia, tratamentos interrompidos por conta de equipamentos de quimioterapia e radioterapia quebrados, medicamentos em falta. As mulheres têm direitos garantidos por lei e o seu cumprimento será sempre a luta da SBM. Chega de mulheres desassistidas e abandonadas à própria sorte.
- A falta de infraestrutura do Estado de um modo geral demonstra que há ainda muitas barreiras ao acesso à reconstrução mamária pós-mastectomia. Nessa direção, a SBM está treinando cirurgiões mastologistas em todo o Brasil para potencializar a oncoplástica, buscando contribuir com a minimização da fila de espera.
- Para reverter o triste cenário do câncer de mama no país, a SBM recomenda medidas simples de prevenção, com a adoção de alimentação saudável, realização de exercícios físicos e exames preventivos; informação, para levar as ações de conscientização da doença para as periferias, já que hoje se concentra nas regiões centrais; qualificação, principalmente para profissionais de saúde, afim de mudar o modelo de encaminhamento da doença e melhorar a forma de diagnóstico. Já o governo precisa cumprir a sua parte, que é oferecer exames, medicamentos e tratamento de qualidade e com uma certa agilidade para as pacientes.
Fonte: SBM