Dia sete de abril, a Associação Médica de Minas Gerais transmitiu, em seu canal no YouTube, informações sobre os casos graves do Covid – 19. A coordenação foi da presidente da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede – MG) e diretora da AMMG, Maria Aparecida Braga.
Como debatedores participaram Alex Sander Sena Peres, gerente da Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA/BH), Hugo Andrade Urbano, diretor Científico da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) e diretor da Sociedade Mineira de Terapia Intensiva (Somiti), e Marco Antônio Soares Reis, intensivista e pneumologista. Como mediador Marcelo Lopes Ribeiro que é especialista em Gestão em Saúde Pública.
Direcionado a médicos e profissionais de saúde, o evento, que foi exclusivamente online, teve mais de cinco mil acessos e os números crescem. Os questionamentos foram desde a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI) até o manejo adequado do paciente gravemente enfermo. Muitas dúvidas sobre uso de corticoides, cloroquina, hidroxicloroquina e antibióticos foram respondidas.
Capacitação é necessária
Para o gerente da Urgência e Emergência da SMSA/BH, a maior preocupação relacionada aos EPIs está ligada à qualificação das equipes. “Sabemos que há profissionais que atuam na ponta e que não possuem a formação desejada para o enfrentamento de uma situação como a que estamos passando.” Peres relata que a linha de trabalho da Secretaria se dá a partir de capacitações pontuais, seguindo os protocolos desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, principalmente na paramentação e desparamentação. Os fluxos de atendimento nas unidades de saúde também foram citados. “Por muitas vezes, em decorrência da estrutura física, não conseguimos implementar 100% do fluxo proposto, mas a lógica é levar treinamento de forma precisa para essas unidades, no dia a dia. Orientações com foco na segurança pessoal e do paciente.”
O diretor da Somiti, Hugo Urbano, concordou que é necessário contar com equipes preparadas, em todo o processo que antecede uma possível evolução para a terapia intensiva, evitando a sobrecarga da assistência. “Mesmo os pacientes oligossintomáticos ou os que estão procurando o atendimento ainda com poucos sintomas, podem contaminar a linha de cuidado. É preciso uma equipe multidisciplinar muito bem treinada para não deixar que o vírus se dissemine dentro da unidade hospitalar.” Urbano alertou, ainda, para o uso racional e adequado dos recursos disponíveis.
Evolução da doença
O pneumologista Marco Antônio Reis afirmou que o maior índice de contaminação se dá na desparamentação, reforçando, também, a importância dos treinamentos. O especialista expôs várias experiências relativas à evolução do Coronavírus, realização de exames e uso de medicamentos.
Ele considerou que são fatores de risco para a evolução do paciente a óbito:
- idade,
- Dímero-D acima de 1000,
- Troponina acima de 0.28,
- Ferretina acima de 300,
- Proteína C Retiva acima de 100
- score de tomografia alterado.
De acordo com o médico, a situação é nova, desafiadora, mas ele está otimista com o que está entendendo sobre a doença. Reis contou sobre a identificação de duas ‘janelas’ importantes no tratamento, permitindo avaliar condutas para os grupos de risco, discussão e alinhamento dos protocolos. “É uma doença traiçoeira. Algumas janelas de oportunidade entre os primeiros sintomas e a chegada da pneumonia apresentam resposta positiva do corticoide, que é inclusive a droga mais barata e, quando utilizada antes da intubação do paciente, pode evitar disfunções orgânicas.”
A presidente da Abramede MG e diretora da AMMG, Maria Aparecida Braga, reforçou a importância do autocuidado e o conhecimento das orientações e padronizações dos locais de trabalho onde atua o profissional de saúde, com integração entre equipes e gestores.
Coordenando as perguntas que chegavam pelo YouTube, Ribeiro valorizou o aprendizado em relação às formas de atendimentos dos pacientes e orientou que as pessoas dialoguem com o médico de família e comunidade, principalmente o paciente crônico.
Ao final do evento, a diretora da AMMG divulgou os canais de comunicação da entidade sobre o tema, reforçou a importância das orientações oficiais e disse que os encontros online serão mantidos para novos esclarecimentos.